Era Agosto ou Setembro de 2010 quando me acordei já cansada, sem fôlego nenhum, vontade de ficar dormindo o dia todo, mas profissional que sou, levantei, trabalhei arrastando meu corpo o dia todo. Dias como esse voltaram a se repetir, fui perdendo o prazer em fazer qualquer coisa, só pensava em dormir, comprei aqueles remédios com vitaminas, guaraná, estimulantes que não fizeram efeito nenhum, fiz exames e nenhuma anormalidade, pensei:vai passar. Guarde a convicção de que todos estamos caminhando para adiante, através de problemas e lutas, na aquisição de experiência,e de que a vida concorda com as pausas de refazimento das nossas forças, mas não se acomoda com a inércia em momento algum.
Logo em seguida fiz uma cirurgia e atribui a persistência dessa falta de ânimo, cansaço sem causa e falta de vontade de continuar viva como período transitório da recuperação. Vivia caindo pelos cantos, mas continuava achava que seria passageiro. Procurei ajuda espiritual, medicina alternativa, florais, reiki, mas não vi resultados.
Passado o período de efeitos da cirurgia a minha falta de ânimo, fé e qualquer coisa persistia e comecei a ter crises. Sem nenhum motivo aparente eu começava a suar, tremer minha pressão baixava, um desespero tomava conta de mim e isso me fez mais de uma vez ir parar no hospital. De repente me vi internada mal, no entanto com exames clínicos completamente normais, só conseguia pensar que estava enlouquecendo. Nenhuma explicação, nada e isso me fazia ficar mais desesperada e com menos ainda vontade de ver o amanhã. Talvez o Dr. House pudesse me ajudar, meu caso era uma incógnita por todos profissionais que passei. Me recusava a admitir que era algo da minha mente, pois meu corpo já estava completamente dominado. Culpava a pressão baixa, mas os médicos eram categóricos a afirmar que a pressão baixa era um sintoma e não a própria doença.
O que pensei que era apenas dias ruins e complicados se tornaram uma constante.
Essas crises se tornaram rotinas, algumas vinham menos intensas e eu conseguia externamente disfarçar mas dentro de mim alguma coisa queimava, saia de controle, eu estava no meu limite, eu tinha que usar todo o auto-controle que tinha e não tinha para me manter sem fazer uma loucura, era uma questão de tempo pra eu surtar de vez. Me isolei, o medo de ter uma crise em público, aquele furacão dentro de mim, o desespero, o medo, fraqueza..eu sabia que aquilo voltaria a qualquer momento e o medo me apavorava... não existem palavras que possam descrever tudo que sinto num momento de crise. É a sensação de morte eminente, cheguei a sentir o cheiro dela, a insanidade me toma por inteiro. Não tenho nenhum controle do meu corpo, não consigo me mexer, por dentro uma ebulição. E quando o pânico se vai fica o medo, o terror da próxima crise. Medo de ficar sozinho, medo de passar por aquilo em público...
Meus dias se alternavam em crises intensas onde eu ficava fora de mim e dias que não sentia nada, nem prazer, nem dor, nem motivação, NADA. Eu nunca sabia como seria o dia seguinte ou o momento seguinte, minha vida virou um inferno. Eu não sentia nenhuma vontade de fazer coisas rotineiras, fazia tudo automaticamente:me levantava, vestia minha filha pra escola, tomava banho, café, me maquiava, ia trabalhar....tudo sem nenhum prazer ou vontade, apenas porque tinha que fazer.Era como se minha alma tiuvesse sido levada, restava apenas um corpo cansado, exausto.Foi uma morte em vida.
Não havia mais motivos pra querer continuar vivendo daquela forma e assim pensamentos de morte começaram a nascer em minha mente cansada de sofrer, mas felizmente num momento de lucidez me dei conta de tudo que eu tenho(uma filha linda, um noivo maravilhoso, um lar, uma carreira, amigos e etc) e decidi lutar. Fui até uma psicóloga que viu a gravidade do meu caso e no mesmo momento me encaminhou a um psiquiatra e então veio finalmente um diagnóstico: Depressão profunda e Síndrome de Pânico. É estranho dizer mas me senti aliviada ao SABER finalmente o que eu tinha...e a partir dali começou minha luta contra...mim mesma, afinal é aqui dentro de mim que tudo acontece.
Já fazem um pouco mais de uma semana e os remédios ainda não fizeram nenhum efeito. Tentei voltar ao trabalho mas ao subir as escadas comecei a tremer e suar frio, meu corpo fica molhado de tensão e então vem o desespero, como se tudo acontecesse dentro de mim, como uma onda de loucura tomando conta de mim, medo, muito medo, do julgamento de meus colegas, de não conseguir realizar minhas tarefas, de morrer, de não conseguir me controlar, de tudo...muito mais do que consigo verbalizar aqui. Só de lembrar já começo a ficar nervosa, não escreverei mais sobre as crises agora pois estou na eminência de uma. Meus médicos me afastaram do trabalho por tempo, até que eu consiga me reerguer.
Mesmo sem ainda os efeitos do remédio eu já me sinto esperançosa, sei que agora o que tenho tem nome e o melhor: tratamento. Sei que não será fácil, mas nada em minha vida foi, e sei que vou conseguir sair dessa.
No começo senti vergonha de admitir, mas esse é um passo fundamental pra minha cura.
Me questionava o tempo todo: será que um dia vou conseguir viver normalmente? Será que vou conseguir voltar a trabalhar? Será que vou ser uma pessoa normal? Hoje eu tenho certeza que SIM, eu vou me curar.
Deus não dá o fardo maior que podemos carregar, eu sei, e quando tudo isso passar eu vou olhar a vida de uma forma diferente, aliás já estou olhando e valorizando bem mais aquilo que tenho, minha família e as coisas que não tem seu valor medido em cifras...nada é por acaso, de tudo fica o aprendizado.
Que fique pelo menos um alerta a quem me lê: Cuide da sua saúde mental, sem ela não somos nada! Não deixe o stress tomar conta de sua vida, deixe seus problemas profissionais no trabalho, mantenha sua mente saudável, tenha um hobby, descanse, não tem salário no mundo que pague a paz que me foi tomada pela depressão.
Não menospreze a falta de disposição e de motivação freqüente, não tenha medo e nem preconceito de procurar terapia(se eu tivesse suspeitado no começo que se tratava de depressão eu poderia estar curada há tempos) e nunca julgue quem está passando por isso, não pense que somos fracos ou menos capazes. Esse tipo de doença não escolhe idade, sexo e ninguém está livre.
Não é apenas mais um drama...
domingo, 22 de maio de 2011
Mais um drama da Loirinha Dramática às 23:04
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4 dramas:
querendo conversar...
li seu post, espero que melhore.
Cris
querendo conversar...
li seu post, espero que melhore.
Cris
Oi Paula!
O que pode ajudar um bocado eh tirar umas ferias e viajar. Pode parecer impossivel e arrumar motivacao para fazer os arranjos nao eh facil. Mas assim que vc pisar em um lugar diferente, com arquitetura, culturas e nuances inesperados, vc vai comecar a ver razao em seguir adiante. Boa sorte e beijos!
ps. vc escreve muuuuuito bem!
Estarei sempre ao teu lado. Sempre.
Te amo
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