Sempre quis ser mãe e quando soube que vinha uma menina, não tive dúvidas: MEL
Gosto muito de nomes curtos, que em poucas letras traduzem tudo que devem significar e a Mel consegue provar nos seus atos o que o nome já diz.
Logo que a Mel chegou já me vi em um grande desafio: não consegui amamentar e tive depressão pós parto e quando ela tinha apenas 20 dias de vida mudamos de Estado, e tudo, tudo mudou em minha vida e mais ainda na dela.
A Mel andou com 10 meses, gostava muito de aprontar, sempre foi uma criança séria, só ria quando tinha motivo e até hoje é assim. A primeira palavra que falou foi “mamã” e dentre os vários momentos marcantes enquanto bebê eu não consigo esquecer, e chego a me arrepiar quando lembro da primeira vez que bateu palminhas(no meu colo) e da vez que ela juntou um pote qualquer do chão, se espichou para pegar uma colheirinha de iogurte e começou a dar “comidinha” a uma boneca...e aí eu já comecei a lembrar de tanta coisa aqui.
Mel sempre age como o mundo fosse apenas dela, e para mim é!
Antes que a Mel completasse 3 anos me divorciei do pai dela, deixamos a serra da Cantareira e fomos para o interior do Rio Grande do Sul. Mudança drástica na vida e no padrão de vida. Doeu em mim desfazer o caasamento por causa da Mel, eu expliquei em poucas palavras e então ela nunca mais me perguntou. Ela entendeu, e o melhor ela aceitou. Adorou a casa pequena dos meus pais e nem se importou de ter deixado a ampla para trás. Dormíamos numa caminha de casal velhinha que fazia barulho com qualquer movimento, mas dormíamos abraçadinhas e éramos felizes. Sem condições de pagar escolinha no começo eu a levava na pracinha quase todos os dias, depois consegui matricula-la e ela adorou os novos colegas, professores e sempre foi muito elogiada por gostar de ajudar com os bebês. Levava e buscava(as vezes com meu pai) todos os dias, e apesar de morar com meus pais eu NUNCA deixei de ser a mãe dela, de dar banho, escovar os dentes, etc...Eu me preocupava sim como nosso futuro, ela vivia da pensão que o pai mandava, e eu não tinha trabalho. Não era nada fácil, eu atravessava a cidade com sacolas de mercado para poder ir onde era mais barato, mas sempre fiz o que tinha que ser feito para que nada faltasse a ela.
Comecei a estudar, e estudei muito para o concurso, quando ela ainda não estava na escolinha estudava com ela no colo, riscando meus cadernos, e durante a madrugada quando ela dormia. Sabe o que eu pensava? Que se eu não fosse aprovada pelo menos ficaria o bom exemplo pra ela. Graças a Deus fui aprovada, mas até que eu fosse chamada mais de um ano se passou.
No aniversário de 3 aninhos dela, eu tinha poucos centavos, apenas o suficiente pra comprar o granulado e a velinha. Juntamos, a Carol, a Renata, o pai e eu e conseguimos fazer uma festinha simples e adorável pra ela, e nunca até hoje eu a vi tão feliz numa festa. Nos 4 anos não foi muuuuuito diferente, a diferença é que eu estava fazendo trabalhos como designer e não foi tão apertado como no outro ano. Passamos períodos complicadinhos, teve um dia das crianças que tudo que eu tinha eram 3 reais e comprei uma lousinha mágica que ela amou tanto, teve natal que tive que fazer crediário pra comprar presente e cheguei a ter que vender umas coisas pra poder vesti-la.
Quando fui convocada no concurso tive que ficar um tempo em Porto Alegre fazendo exames e MEU DEUS, NUNCA vou esquecer do rostinho de felicidade dela vindo de bracinhos abertos me abraçar. E então tivemos que nos separar, pois eu tinha que vir trabalhar aqui, ficar em hotel, sem conhecer a cidade e correr atrás de imóvel para finalmente trazer minha filha e tocarmos a nossa vida pra frente.
Então a deixei com a avó paterna e isso me doeu muito, não por não confiar, pois tenho enorme apreço por ela, mas nenhuma mãe merece ficar longe de seus filhos. Eu nunca senti dor como aquela, dilacerante, aquele choro engasgado, um punhal cravado em meu peito. Eu procurava apartamento todos os dias e não achava, eu não tinha vontade nenhuma de sair do trabalho pois nenhum lugar me satisfaria sem minha filha, sem meu chão. Eu comecei a ficar doente, lenta, só chorava. Eu fui até a casa da avó dela VISITAR minha filha...que tipo de mãe visita uma filha?Eu não!voltei soluçando de lá o caminho inteiro, tanto que os passageiros fizeram o motorista parar o ônibus pra eu respirar, eu sequer conseguia falar quando me perguntavam o que havia acontecido.
E então eu fiz acontecer, depois de 1 mês longe e trouxe meu universo de volta pra mim e digo: naquele dia, no dia que ela veio pra novamente MORAR eu nasci de novo. São 6 horas de viagem, mas na volta foi como se fossem 6 minutos, eu esperei a vida inteira por aquele momento e então eu pude continuar com minha vida. Apresentei a cidade a ela, e foi como estivéssemos em lua de mel, aliás quando to com a Mel sempre é! Ela adorou aqui e mais uma vez se adaptou. Cheguei a conclusão que LAR é onde minha filha tá comigo.
Agora enquanto eu enfrento uma depressão ela se mostrou madura, ela realmente me cuida e me dá forças. E NUNCA em nenhum dia que estive doente eu deixei de ter os devidos cuidados com ela. Não sei de onde vem a força, mas eu levanto e consigo fazer as coisas pra ela, depois eu caio de novo, mas ela tá a salvo e bem cuidada.
Quem vê essa guriazinha falante e linda não imagina que ela já teve que mudar algumas vezes de escola por N motivos e pode mudar de novo a qq hora, que ela mora longe do pai e pouco tem contato, que mora longe também dos avós tanto paterno quanto materno, que ela dá apoio moral a mãe que tem depressão, quem a vê nem imagina o quanto ela é forte.
Ela só tem 6 anos mas já tem muita estrada, muita história e qualquer dificuldade vista sob a ótica dela vira uma ponte. Eu amo tanto que chega a doer, eu amo tanto que ultrapassa de amor.
Não me acho extraordinária como mãe, eu fiz o que deveria ser feito, o que uma mãe deve fazer, mas a Mel é extraordinária como filha, ela é.
Mesmo depois de tantas mudanças, tanta coisa, ela é a criança mais feliz que eu conheço!
Parabéns pela formatura MINHA VIDA!
MEL
domingo, 11 de dezembro de 2011
Mais um drama da Loirinha Dramática às 23:34
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